Esfera... Entendimento e equilíbrio, razões primordiais de uma grande busca interior, caminhar de encontro ao todo... Estar presente agora e sempre...Sem quinas, nem esquinas...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Despertar


Acordou de um sono profundo... Seus cabelos compridos e negros sem vida... Olhou ao seu redor e pode ver que o tempo passara e muito... Descorçoada e fraca batalhou cada força que compete ao passo e contra cada tontura que impedira seu equilíbrio... Quando em seus pulmões um punhado de ar renovado entrou, batalhou cada partícula de oxigênio que tentara escapar... Deixou-se levar pela profunda vontade de se esticar, espreguiçou-se... Aos pouquinhos batalhou cada imagem que desfocara em seus olhos e cada som que embalara seus ouvidos... Enfim um espirro para abrir passagem e uma tosse para alivia-la de tanta poeira...

Assembléia de Deus


Um dia, uma tarde, alguns pensamentos, sensações a fio e eu... Foi assim e sempre será... Assembléias, aqui dentro... Muitas vozes que falam, discutem, pedem uma chance e eu... Estive absorta por tantas novas vozes e eu... Ouvidos atentos para tanto tormento e eu... Deixo-as falar, escuto-as brigar e eu... Como pode ser tantas razões, tantas emoções e eu... Evoco com calma aquela voz que me faz ter paz... Penso que, de alguma forma mística ou seja lá como for, essas vozes internas estão me perseguindo até do lado de fora... São como estrondos, cobranças, olhares de raiva e eu... Incrível, nestes momentos , a paz surge expressada por uma quietude profunda... Deixo-me envolver por aquela voz amena, de frases cantaroladas como uma canção repleta de juras de amor... Vozes velozes e eu...


Querida assembléia, assim vos chamo, pois são o que são, uma assembléia tentando me resolver, muitas vozes a me absolver, outras a me culpar, algumas a me cobrar... Assim sou eu e vocês, assim somos nós, para que um dia com uma só voz, sejamos um só...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cárcere?!


Em algum lugar num mundo distante, corre pelas campinas uma jovem senhora de quadris largos e fartos. Sua essência meiga e singela pode fazer valer todo seu atraso... Palavras doces podem ser como louvores... Passagem para o mundo dos amores... Que chegue o dia que ela enfim resnaça e satisfaça seu anseio de ser somente quem és... Que emagreça sua sentença que pode ser ter que engolir toda sua fome de carinho e atenção, doação... Faz correr na contramão a pureza de amar e demonstrar... Isso a faz engordar?!! Se deixá-la emergir, como irei prosseguir? Sairei por aí a me despir demonstrando todo meu valor? Como contrapor um ego de horror que só faz esconder o que de melhor posso ser? Como imaginar minha língua passar a lamber como um animal àqueles que me fazem mal? E os que me fazem bem derreto-me de uma vez? Para onde irei que fim me darei? Ei, rei da estupidez, ameniza, deixa a rima e permita-se envolver pela gordura!!!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Só uma agulha no palheiro....



Certa vez passaram por ruas escuras e impetuosas, depararam-se com moradores de rua... Fixaram seus olhos ao chão... Não viram nada! Inquietos e apreensivos desceram a rua rezando... Pedindo a Deus que os salvassem de pessoas tão maltrapilhas e mal cheirosas... Em suas cabeças passaram pensamentos tortuosos... Mais do que asco, sentiram pena... Caminhando com rapidez, como se fugissem , pensaram: " Vão me assaltar". Já os mendigos, quando os viram , olharam fixamente em seus olhos, sentiram seu perfume e a limpeza de suas roupas... Repararam no zelo de seus sapatos e o nó perfeito de suas gravatas... A sutileza que carregavam suas bolsas e pastas... Imaginaram onde iriam com tanta pressa e como seriam suas vidas sem tempo para nada... Pensaram: " Tá tudo dominado"!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Aceitando...


E se eu pensasse neste momento sobre minha função, aqui e agora... Se vislumbrasse algo grandioso para mais tarde... Se ouvisse cada som que embala minhas idéias... Se entendesse cada buraco negro dentro de mim... Se cantasse como os passarinhos ao invés de gritar... Se sorrisse para aqueles que necessitam... Se fosse doce cada colocação minha... Se fosse aguçado meu paladar... Se percebesse que meus braços podem acolher... Minhas palavras podem despertar... Se descobrisse que tudo o que me faz feliz está aqui comigo... Se me deixasse pelo menos por alguns instantes ser surpreendida... Se percebesse cada movimento meu... Se me encantasse com outras formas de vida... Se não me espantasse com tudo isso... Seria eu ?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Abandono


Amanheceu , céu aberto e ensolarado, seus pés descalços tocaram o chão. Passos curtos e leves, caminhou até a porta do seu quarto. Avistou um morro alto e distante. Estranhou, não parecia nada com o corredor de sua casa... Mesmo assim ficou ali, contemplando a visão... Pode sentir o cheiro da terra e a brisa da mata tocar seu pequeno nariz... Seu cabelo, longo e encaracolado voava pelos ares ... O sol irradiava em sua face luz intensa que a impedia de ver o morro ao longe... Arriscou seguir em frente, para fora daquele quarto... Porém, havia algo que a impedia, algo que não podia ver... Somente sentir um nó profundo em sua garganta... Tal coisa que angustia, dispersa sua vontade de voar... Coisa que não tem nome , mal se vê chegar... Como uma corda invisível, que a segura, de forma dura e incruenta... Assim é o abandono, assim é a solidão... Uma corda potente que não podemos ver... Somente sentir... Mas quem será o corajoso que a enfrenta? Quem é que pode ver o que é invisível? E o que foi deixado de lado, abandonado, não estaria solto, largado ? Por que tal prisão? Aquele que abandona prende , aniquila... O abandonado na real pode ser completamente livre e forte... Mas só os que criam olhos para enxergar a corda, de onde ela vem, quem é o dono do laço... Penso que este é o terceiro olho, o que pode ver o que é invisível... Sei que sempre teve seu terceiro olho, sei que saiu daquele quarto, mas o abandono lhe criou outros "mil" quartos e terá que entrar e sair de todos eles... Porém seu terceiro olho sempre avistou um dia de sol, a luz intensa, o cheiro da terra, o morro adiante e a brisa que faz voar e renascer seus longos cabelos... Taí, o próprio abandono é o que cria um terceiro olho?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Lágrimas de Sal


Se algum dia minhas lágrimas rolassem sobre o solo, poderiam se transformar em mar... Poderiam correr mundo afora , brotando em solo firme boas sementes de idéias... Criariam imensas bolsas d'água ... Refrescariam o coração aflito daqueles que a bebessem... Ousaria imaginar que minhas lágrimas poderiam fazer brotar esperança para mim e para cada um que a entendesse.. Ousaria pensar em um grande vale d'água com corredeiras e ondas batendo em pedras e as moldando... Imagino o dia em que eu puder olhar para todo esse mar e senti-lo pela pele e mais ainda por tudo o que sou... Ouso pensar que aprenderei a nadar neste imenso mar, jamais me afogar nele outra vez... Poder participar de sua existência sem medo... Mergulhar, mergulhar e mergulhar nessas dores e feridas desbravar mais e mais mar... E nadar , nadar e nadar... E então, voar, voar e voar! Penso que as lágrimas são como um sinal... Sinal de que seu mar está agitado, respingando água pelos olhos...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mãos ao alto !



Caminhando como de trás para frente, fui parar em uma mata virgem e fechada... A luz do sol , minha única certeza , pelo menos sabia que era dia... Meus pés descalços perambulavam mata adentro, como se descobrissem passo a passo qual meu "chão"... Dividindo pensamentos com árvores e plantas pude me ouvir, pude perceber que a melhor parceria para as descobertas é a "natureza"... Agora, sem medo, pude desfrutar das sensações que a mata me traz... Pude sentir os pés no chão , bem no chão... Avistei um "olho" escondido, à espreita em uma árvore, me aproximei e asas pelos ares! Era um pássaro, talvez uma coruja... De repente ao seu lado, um velho, com sua fogueira e terno olhar : " Estenda suas mãos, doe suas mãos para o céu e ele voltará..." Foi o que fiz ... Ergui meus braços com muita força de vontade, como se louvasse o céu... Então o pássaro voltou, senti suas patas abraçarem meu dedo e desci meus braços com gentileza... Ele era verde e grande , muito grande ... Olhos nos olhos, ficamos... Ele entendia todos os meus pensamentos... Balançou sua cabeça bem perto da minha, tocou minha face , como se me acarinhasse, entendi que precisava colocar minhas mãos para o alto...