Esfera... Entendimento e equilíbrio, razões primordiais de uma grande busca interior, caminhar de encontro ao todo... Estar presente agora e sempre...Sem quinas, nem esquinas...

domingo, 26 de dezembro de 2010

Múmia


Um saco de promessas que me fazia...Como se tudo o que eu queria era a facilidade... Acreditava em bobagens e prosseguia em intermináveis buscas... E não se busca o que se tem... Mas eu já sabia... Bem impresso no meu ser, que seria uma questão de tempo... Até eu entender que minhas bobagens foram importantes para a construção do meu próprio ser... Foram como remédio para minhas dores e consolo para meus sofrimentos... Hoje sei que minhas bobagens eram meus curativos... Posso idenificá-los facilmente se procurá-los , pois os "esparadrapos" são visíveis... Sinto uma enorme sensação de bem estar, só de pensar que posso me achar toda vez que precisar renovar cada um deles ... Bobagens não são bobagens quando são entendidas, constroem uma história... Bobagens queridas, aceito todas como parte de mim e de hoje em diante não as chamo mais de bobagens... Chamo-as de busca, de proteção... Chamo-as de caminhos... Os únicos que eu sabia, os únicos que eu via, os únicos que dentro do meu nível de consciência eram possíveis seguir... Assim, começo a confiar mais em mim, entendo melhor as pessoas ao meu redor... Elas não podem entender "suas escolhas" sem perceber que são curativos e eu posso aceitá-las, vendo-as o tempo todo completamente enfaixadas... Cobertas por curativos, cobertas de justificativas infundadas e incoerências... Como múmias que não mostram o mostro que tem "por baixo" continuam com suas bobagens para curar-se de tantas dores e feridas... Eu como uma múmia sendo regenerada , saio da minha tumba, vou desenrolando cada faixa... Volto a vida!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Expurgando


Queria uma casinha, pequena, tanto faz...Queria me enfiar nela... Deixar tudo para trás... De repente poder olhar pela janela...Não quero pensar, nem me preocupar se o que vos escrevo agora tem sentido... Só quero poder sentar no meu sofazinho e apoiar meus pezinhos naquela mesa de vidro sem que alguém me peça pra tirá-los e calçar os sapatos... Eu iria pra dentro da tal casinha , recolheria todas as minhas "bonecas" e mandaria -as pro alto....Acenderia as luzes e andaria para sempre com meus pés nus... Tanta falta me faz a vida de dentro do armário , meus fantasmas amigos , compreensivos e monstros que eu já conhecia... Agora vejo minha casinha lá dentro e eu? Estou caminhando para fora... "To" com medo... Mas vou indo... Sei que ainda vou retornar lá...Um dia a qualquer hora, volto pra pegar mais alguma coisa...Por hora saio com uma fingida mascarada, sedutora barata, feiosa, incompetente, lunática, arrogante, invejosa, mal amada, frustrada, competitiva, porca e fedida... Gritos de horror?! Posso ter ido buscá-la , após identificá-la em você...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Essas Mulheres


Um dia , uma hora, quem sabe, entenderei essas mulheres todas... Simplifica para mim a complexidade que é uma única mulher, entendendendo que em uma só, há muitas... Desconhecidas e escondidas estão todas pedindo para sair... E a saída , neste momento, é estreita... Todas não saíram de uma vez, uma de cada vez , uma a uma... Ai, ai, ai, que mulheres infernais! De uma certa forma, estão aqui fora , a me rondar, bom para enxergar... Mulheres de momento, repentinas, sem constância. O que será que elas pensam? De onde é que elas vêem? Quando foi que as imitei? Quando foi que se tornaram parte de mim? Como as deixei entrar? Se não sei como entraram, como as faço sair?!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Retornando...


De volta , envolta a novas emoções e sentimentos, querendo, tentando e vivendo...Acordo cedo, não quero mais dormir... Levanto e não me canso de buscar "vida"... Desperto sempre e ando , pensando... Me viro e me mexo, quero sentir movimento, quero escutar meus desejos... Diciplino minha rotina, mas posso sair da linha , se assim houver uma intenção do fundo do coração...Daquelas que podem me fazer aprender e me levar a viver... Não busco mais perfeição, busco razão, a sensacional razão de viver: fazer valer... O que quer dizer, abandonar metas e objetivos, quero sentido!!!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Primeiro passo...


Já não poderia dizer ou demonstrar quão descabida seria eu mesma, se não saltar... Tão oportuno momento, tão em cima da risca que separa os pés do chão e o salto pelos ares... O salto para a evolução... Ouvir os sons das músicas e o canto dos pássaros... Deixar-me encantar pela brisa suave que bate em meu rosto cada vez que me permito entender o que quer que seja... Ganhar espaço, vencer o tempo e com muita luta suada brilhar como o sol que desponta no horizonte... Despir-me das roupas velhas desgastadas e ser o que sou na essência, nua. Pureza no interior de todos os meus atos... Sejais plena em sua caminhada e segura de que todo e qualquer apelo da vida para contigo mesma seja respondido e refletido por todos os seus neurônios emocionais e sensitivos... E somente assim, com muito amor verdadeiro em ti mesma, não mais aceitar as migalhas alheias e as tuas próprias... Vença!!! Está com os pés na risca, salte!!!!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Autismo


O dia em que tudo parou... Como um lastro, um repente de invocação... Uma nuvem ao meu redor... Uma ostra ... Assim de repente fiquei... Aguardando , esperando... Pensando... Sentindo... Pode o mundo parar para somente eu pensar?! Pode o "meu mundo " se remexer porque vi o sol nascer?! Pode alguém neste meu mundo encaixar?! Poder me entender?! E se meus movimentos circulares puderem desaparecer?! Se os fizesse expandir, em todos refletir , estarei a me abrir, começarei a interagir? E essa minha parte "ostra" descartarei ? E minhas pérolas ? Onde as guardarei ? E eu ? Onde me esconderei ? Já vi que não sei...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Despertar


Acordou de um sono profundo... Seus cabelos compridos e negros sem vida... Olhou ao seu redor e pode ver que o tempo passara e muito... Descorçoada e fraca batalhou cada força que compete ao passo e contra cada tontura que impedira seu equilíbrio... Quando em seus pulmões um punhado de ar renovado entrou, batalhou cada partícula de oxigênio que tentara escapar... Deixou-se levar pela profunda vontade de se esticar, espreguiçou-se... Aos pouquinhos batalhou cada imagem que desfocara em seus olhos e cada som que embalara seus ouvidos... Enfim um espirro para abrir passagem e uma tosse para alivia-la de tanta poeira...

Assembléia de Deus


Um dia, uma tarde, alguns pensamentos, sensações a fio e eu... Foi assim e sempre será... Assembléias, aqui dentro... Muitas vozes que falam, discutem, pedem uma chance e eu... Estive absorta por tantas novas vozes e eu... Ouvidos atentos para tanto tormento e eu... Deixo-as falar, escuto-as brigar e eu... Como pode ser tantas razões, tantas emoções e eu... Evoco com calma aquela voz que me faz ter paz... Penso que, de alguma forma mística ou seja lá como for, essas vozes internas estão me perseguindo até do lado de fora... São como estrondos, cobranças, olhares de raiva e eu... Incrível, nestes momentos , a paz surge expressada por uma quietude profunda... Deixo-me envolver por aquela voz amena, de frases cantaroladas como uma canção repleta de juras de amor... Vozes velozes e eu...


Querida assembléia, assim vos chamo, pois são o que são, uma assembléia tentando me resolver, muitas vozes a me absolver, outras a me culpar, algumas a me cobrar... Assim sou eu e vocês, assim somos nós, para que um dia com uma só voz, sejamos um só...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cárcere?!


Em algum lugar num mundo distante, corre pelas campinas uma jovem senhora de quadris largos e fartos. Sua essência meiga e singela pode fazer valer todo seu atraso... Palavras doces podem ser como louvores... Passagem para o mundo dos amores... Que chegue o dia que ela enfim resnaça e satisfaça seu anseio de ser somente quem és... Que emagreça sua sentença que pode ser ter que engolir toda sua fome de carinho e atenção, doação... Faz correr na contramão a pureza de amar e demonstrar... Isso a faz engordar?!! Se deixá-la emergir, como irei prosseguir? Sairei por aí a me despir demonstrando todo meu valor? Como contrapor um ego de horror que só faz esconder o que de melhor posso ser? Como imaginar minha língua passar a lamber como um animal àqueles que me fazem mal? E os que me fazem bem derreto-me de uma vez? Para onde irei que fim me darei? Ei, rei da estupidez, ameniza, deixa a rima e permita-se envolver pela gordura!!!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Só uma agulha no palheiro....



Certa vez passaram por ruas escuras e impetuosas, depararam-se com moradores de rua... Fixaram seus olhos ao chão... Não viram nada! Inquietos e apreensivos desceram a rua rezando... Pedindo a Deus que os salvassem de pessoas tão maltrapilhas e mal cheirosas... Em suas cabeças passaram pensamentos tortuosos... Mais do que asco, sentiram pena... Caminhando com rapidez, como se fugissem , pensaram: " Vão me assaltar". Já os mendigos, quando os viram , olharam fixamente em seus olhos, sentiram seu perfume e a limpeza de suas roupas... Repararam no zelo de seus sapatos e o nó perfeito de suas gravatas... A sutileza que carregavam suas bolsas e pastas... Imaginaram onde iriam com tanta pressa e como seriam suas vidas sem tempo para nada... Pensaram: " Tá tudo dominado"!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Aceitando...


E se eu pensasse neste momento sobre minha função, aqui e agora... Se vislumbrasse algo grandioso para mais tarde... Se ouvisse cada som que embala minhas idéias... Se entendesse cada buraco negro dentro de mim... Se cantasse como os passarinhos ao invés de gritar... Se sorrisse para aqueles que necessitam... Se fosse doce cada colocação minha... Se fosse aguçado meu paladar... Se percebesse que meus braços podem acolher... Minhas palavras podem despertar... Se descobrisse que tudo o que me faz feliz está aqui comigo... Se me deixasse pelo menos por alguns instantes ser surpreendida... Se percebesse cada movimento meu... Se me encantasse com outras formas de vida... Se não me espantasse com tudo isso... Seria eu ?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Abandono


Amanheceu , céu aberto e ensolarado, seus pés descalços tocaram o chão. Passos curtos e leves, caminhou até a porta do seu quarto. Avistou um morro alto e distante. Estranhou, não parecia nada com o corredor de sua casa... Mesmo assim ficou ali, contemplando a visão... Pode sentir o cheiro da terra e a brisa da mata tocar seu pequeno nariz... Seu cabelo, longo e encaracolado voava pelos ares ... O sol irradiava em sua face luz intensa que a impedia de ver o morro ao longe... Arriscou seguir em frente, para fora daquele quarto... Porém, havia algo que a impedia, algo que não podia ver... Somente sentir um nó profundo em sua garganta... Tal coisa que angustia, dispersa sua vontade de voar... Coisa que não tem nome , mal se vê chegar... Como uma corda invisível, que a segura, de forma dura e incruenta... Assim é o abandono, assim é a solidão... Uma corda potente que não podemos ver... Somente sentir... Mas quem será o corajoso que a enfrenta? Quem é que pode ver o que é invisível? E o que foi deixado de lado, abandonado, não estaria solto, largado ? Por que tal prisão? Aquele que abandona prende , aniquila... O abandonado na real pode ser completamente livre e forte... Mas só os que criam olhos para enxergar a corda, de onde ela vem, quem é o dono do laço... Penso que este é o terceiro olho, o que pode ver o que é invisível... Sei que sempre teve seu terceiro olho, sei que saiu daquele quarto, mas o abandono lhe criou outros "mil" quartos e terá que entrar e sair de todos eles... Porém seu terceiro olho sempre avistou um dia de sol, a luz intensa, o cheiro da terra, o morro adiante e a brisa que faz voar e renascer seus longos cabelos... Taí, o próprio abandono é o que cria um terceiro olho?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Lágrimas de Sal


Se algum dia minhas lágrimas rolassem sobre o solo, poderiam se transformar em mar... Poderiam correr mundo afora , brotando em solo firme boas sementes de idéias... Criariam imensas bolsas d'água ... Refrescariam o coração aflito daqueles que a bebessem... Ousaria imaginar que minhas lágrimas poderiam fazer brotar esperança para mim e para cada um que a entendesse.. Ousaria pensar em um grande vale d'água com corredeiras e ondas batendo em pedras e as moldando... Imagino o dia em que eu puder olhar para todo esse mar e senti-lo pela pele e mais ainda por tudo o que sou... Ouso pensar que aprenderei a nadar neste imenso mar, jamais me afogar nele outra vez... Poder participar de sua existência sem medo... Mergulhar, mergulhar e mergulhar nessas dores e feridas desbravar mais e mais mar... E nadar , nadar e nadar... E então, voar, voar e voar! Penso que as lágrimas são como um sinal... Sinal de que seu mar está agitado, respingando água pelos olhos...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mãos ao alto !



Caminhando como de trás para frente, fui parar em uma mata virgem e fechada... A luz do sol , minha única certeza , pelo menos sabia que era dia... Meus pés descalços perambulavam mata adentro, como se descobrissem passo a passo qual meu "chão"... Dividindo pensamentos com árvores e plantas pude me ouvir, pude perceber que a melhor parceria para as descobertas é a "natureza"... Agora, sem medo, pude desfrutar das sensações que a mata me traz... Pude sentir os pés no chão , bem no chão... Avistei um "olho" escondido, à espreita em uma árvore, me aproximei e asas pelos ares! Era um pássaro, talvez uma coruja... De repente ao seu lado, um velho, com sua fogueira e terno olhar : " Estenda suas mãos, doe suas mãos para o céu e ele voltará..." Foi o que fiz ... Ergui meus braços com muita força de vontade, como se louvasse o céu... Então o pássaro voltou, senti suas patas abraçarem meu dedo e desci meus braços com gentileza... Ele era verde e grande , muito grande ... Olhos nos olhos, ficamos... Ele entendia todos os meus pensamentos... Balançou sua cabeça bem perto da minha, tocou minha face , como se me acarinhasse, entendi que precisava colocar minhas mãos para o alto...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Dois Gumes ?!!


Diante de tantas descobertas e o surgimento de novos conceitos, percebo mudança de pensamentos. O julgamento , em relação aos outros está sumindo. Difícil, muito complicado, deixar de julgar... O ser humano é incrível ! Temos sempre uma forma de "fuga". Coisas do tipo: Olha aquele ali, olha esse daqui... Por aí vai... Mais difícil que não julgar, pelo menos para mim, é encontrar no outro algo de bom, antes do pré julgamento. Eu gostaria , neste momento, que minha visão fosse menos desconfiada e mais amena... Meus ouvidos ouvem e entendem algo mais, na maioria das vezes , sou obrigada a calar... Se questiono as pessoas , em relação aos seus pensamentos e dizeres, acabo com qualquer conversa, é estranho e extremamente complexo... Acabo sempre deixando as pessoas em silêncio... Então, não é julgamento? É só questão de querer entender, na real, o que estão pensando ? Ou um querer , lá no fundinho, de colocá-las à ponta de faca ?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Retorno


Gostaria de poder ficar me olhando... Assim como se fosse de fora... Olharia todos os meus gestos... Fitaria com calma meu semblante... Ouviria com cautela minhas falas... Ousaria me entupir de tanto sentir meus pensamentos... Mergulharia de cabeça nas minhas lembranças, principalmente nas dores... Olharia direto para elas... Transformaria tudo o que eu estranhasse, tudo que eu não gostasse... Passaria horas a fio dedicada a me ver, ouvir e sentir... Olharia bem fundo dentro dos meus olhos, me preocuparia em perceber seu brilho... Deixaria, por alguns momentos, todo o mais de lado... Veria como minhas mãos se articulam juntamente com o resto do meu corpo... Escutaria com prazer qualquer coisa vinda de mim, tudo, até as bobagens... Passaria anos prestando atenção nas minhas risadas, tanto quanto , nas minhas lágrimas... Desejaria abraçar-me , beijar-me e acolher-me... Não com egocentrismo, com amor... Amaria todos os meus defeitos... Eu me perdoaria... Não me culparia jamais... Sem censuras, diria para sempre só o que meu coração dissesse... Estaria pronta e capaz para todo o mais... Ama-los como a mim, abraça-los como a mim, beija-los como a mim, acolhe-los como a mim... Assim seria... Se fosse possível faze-lo do lado de fora... Assim fiquei, até "ontem"... De fora até agora... Porém , entrei... A porta de saída "matei"... Daqui de dentro não saio mais... Eu e todo o mais, será visto e vivido daqui... Estou de volta... Não vou embora... Desejo viver da melhor maneira, sempre presente, não às escondidas... Daqui posso me abraçar, beijar e acolher-me , cada vez que me escutar, cada vez que me ouvir, cada vez que me sentir, cada vez que me aprofundar, descobrindo meus túneis... Sei que cada dor que eu sentir, cada mágoa que eu recordar, só me ajudará a me olhar, como desejei desde o começo... Eu só não sabia que, só não conseguiria e que somente só poderia... Em um momento de atenção percebi que precisava de algo mais... Pois não conseguia mais me ver... Hoje sei que estava caminhando na direção oposta à mim... Me vendo de fora e cada vez mais longe, estava distorcendo minha própria imagem... Agora caminho de volta, de volta a mim mesma, de volta ao meu lar... E sim, continuo me olhando por horas... Ouvindo por tempos a fio... Assim posso ver e ouvir você...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Do Ego

Olhei para ti e te vi... Encantado estou, seu brilho é intenso... Amei me sentir ao seu lado. Do teu jeito ir levando , passeando em teu mundo , descobri a minha verdadeira função... Vocação ... Como me deu uma vontade imensa de ter seu aconchego, escrevo... Caminhando em teus belos labirintos me entrego ao delito... Delito , pecado, está tudo errado? Me calo... Não, está tudo certo... Sou eu e você , bem como se vê ... É tão fácil, crê... Que divino é te ter, me envolver com você... Passear nos teus cabelos certeiros... Perfume de rosas ... Me fazem esquecer os tempos sem luz, onde te preguei à uma cruz... Te fiz minha escrava, aprisionada... Mas agora , nova era, tu se liberta... Eu ? Não tenho pressa, fico a tua espera, não corro, não luto, estou em seu reduto... E quão apaixonante é sua sabedoria, quanta euforia? Que nada... A paz é o que tu me traz , me satisfaz... Me renova o poder e o querer sempre a ti obedecer... Ei de crer, que contigo estarei, para ouvir-te dizer... Como cantarolar a canção que embala minha vinda e encerra minha ida... Ida? Iria pra tão longe, de frente e defronte de ti... Seguiria atropelante, saltitante, rodopiante... Tão distante ! Distante? Sim, cada vez que sou errante , zombeteiro e extravagante, nem com um pouco de sorte te salvaria da morte... Que bom que te encontrei, assim mudei... Abençoada alma minha, minha alma... Estou à seu favor , seja como for...

sábado, 14 de agosto de 2010

Insidioso


Não, necessariamente, há incêndio onde há fogo... O verdadeiro incêndio pode não demonstrar nem fumaça... Há os que engolem brasas, sorrindo... Há os que criam fogueiras enormes dentro de seu interior... Essas fogueiras costumam queimar seus corpos de dentro para fora... Aniquilam suas almas ... Queimar pode ter vários sentidos ou como se diz, conotações... Nesta aqui, o fogo aniquilador é apavorante... Não há vestígios... Nenhum que possa ser visto por si só....Corrói.. Afugenta todo e qualquer sinal de libertação... Mas, se um dia o sol nascer e a jornada acontecer, o fogo aniquilador torna-se o fogo libertador, purificador... Das cinzas renasce o homem...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Figuras


Desde criança ouvia vozes e canções... Perdida em seu mundo repleto de visões tentava demonstrar aos irmãos seus pensamentos mais profundos... Era considerada a louca da família... Suas idéias eram descabidas e sem propósito... Sentiam medo do desconhecido... Ela já não podia mais falar, não suportava ser diferente... Tentou as amigas da escola, em vão, todos a julgavam... Se afundava cada vez mais em seu mundo solitário e muitas vezes sombrio... Os medos foram surgindo, suas visões foram criando homens de capa preta e charuto... Na porta do seu quarto passavam vilões com olhar parado e perverso, em baixo de sua cama habitava uma bruxa má e seus corvos malignos... Em sua janela, negras africanas com brincos de argola em seus pescoços e cicatrizes em seus rostos... Já não queria mais dormir em seu quarto, pudera ele estava lotado! Assim eram suas noites "sozinha" naquele quarto... Em pouco tempo toda casa estava "cheia"... Na sala o quadro tinha vida, havia velhinhos e seus cachimbos soltando fumaça para todo lado... Durante o dia os "homens de preto" davam-lhe trégua, sobrando lugar para crianças, vestidas só com fralda, brincarem de roda por cima da mesa, lhe ofereciam doces, ela sorria, alguém sempre via e lá estava ela de sala vazia... Claro alguém ria... Como ela não falava mais o que via , mentia... Quando o medo apertava corria... Sua mãe jamais acreditou em suas visões... "Desprotegida" teve que se acostumar com tantos personagens, ficou amiga deles, com eles conversava, com eles desabafava, com eles chorava... Em baixo da capa de uma caveira se abrigou...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Raio X



Nada pode superar seu olhar... Profundo... Terno... Seguro... Cada faceta uma surpresa... Olhar focado para um outro lado... Virar as avessas... Repousar em seu ventre leito... Diagnosticar para sempre seu movimento e deixar levar... Para onde quiser se encaixar... Renovar... Alimentar... Ver-se aos ossos de um fóssil e revigorar seus atos... Eis que somos, osso... Há que cada um crie sua carne, mover sua base... Melhor parte, ser arte... Parte de ti, sejais inteira... Sejais matreira... Olhai para ti mesma, vindo de teu próprio ventre, teu filho... Usai todos os teus sentidos... Crer , só por saber... Aquela que vê o que ninguém mais pode ver...


Renata Giosa

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sinal de Fogo


Dos meus sentimentos faço inspiração, construo em mim um canal de idas e vindas de emoções... Proponho de agora em diante mais do que nunca ser eu... Tive muitas provas de que ser o que sou, um dia não foi bom, mas hoje é o melhor... Sol, calor, céu e som... Fumaça, muita fumaça... E se onde há fumaça, há fogo, estive em meio à um fogaréu... Olhei e olhei para o céu... Que hoje sem véu me fez ver "pássaros " gigantes ao léu... Verde e amarelo eram suas cores, seu passeio e muitos amores... Amor que brota, que nasce, que invade... Amor em mim, que bom que foi assim, um pouco de mim... Fiquei feliz de voar alto enfim... Se em meu pássaro voei, não te acompanhei, fui fora da lei... Despertei! Sua carona não pego mais, vou de carona na verdade que o pássaro me trás... Sou mesmo emocional, sentimental , etc e tal ! Conversas a fio encurtou meu pavio ... Me sinto mais rápida com o entendimento das palavras jogadas ao vento... Quanto vento ! Se o vento pode trazer intuição, fazer o pássaro voar, o fogo queimar e a fumaça chegar, vou me defumar ! Purificar ! Se o calor do fogo que queima deixar um braseiro trarei dentro do peito um fogareiro ! Enquanto os discursos proferidos aos meus ouvidos forem disperdício, minha chama cresce, meu coração aquece ! Na certeza de estar mais perto do meu ser verdadeiro, lamento o erro alheio ! Não me anulo mais, nem traio os valores que em meu caminho percorrem... Não me contaminarão, arapucas são em vão... Soprei com vento o braseiro e reacendi minha chama... E agora, me ama ?!


Renata Giosa

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Cair na real...


Desejei descer das nuvens... Tive um voo trôpego... Cai bem em cima da minha ferida... Mesmo sangrando me senti mais feliz... Tropeçando nos meus próprios calos, sigo ... Aqui em baixo tem pouca gente... Quase ninguém... Todos os outros, com os quais convivo, ainda estão lá em cima... Fiquei só... Porém posso sentir minhas asas... Posso ver minhas penas e minhas patas... Cheguei a ver minhas garras... Já senti que me feri... Muito... Estou melhor aqui, na "terra"... As vezes ainda me pego olhando para as nuvens... Sei o conforto que há por lá... Mas toda a maravilha do mundo verdadeiro está aqui... No chão... Sim, agora entendo a lei da gravidade e o porque da sua existência... Tudo deve ficar aqui, com os pés no chão... O voo pode acontecer, mas só depois de pisar aqui... Ai podemos ir e vir... Arriscar voos mais altos... Chamo de voo a libertação, seguir seu próprio caminho e sua direção, movimentar, transformar... Isso nos faz voar de um ponto a outro, no fim de cada voo estaremos de volta em algum outro ponto da "terra"... Não há forma de construir nada nas nuvens... Descobri que qualquer pessoa pode possuir asas... Na maioria está escondido, mas está lá... As minhas estão querendo sacudir...


Renata Giosa

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Baila-me


Vou dançar outra vez... Me preparo para descobrir a dança em mim mais uma vez... Vou vasculhando aqui dentro onde ela está... Sinto que a encontrei... Está na forma de amar, está na pureza do ser encontrar... Vai e vem como a vontade calada de reviver a alma da dança de uma vez... Fecho os olhos e vejo que passei a infância dançando aqui dentro... E como dancei... Passei longas tardes bailando... Lembrei que dancei com ninguém, mas dancei com alguém... Alguém que sempre se expressou como ninguém... Esse alguém é parte de mim que dança toda vez que minha expressão consciente se cansa... Muito mansa não me faz pensar, somente amar a sensação que dá... A busca por um instante de encantamento... Precisei tanto disso e era tão bom... Quanta leveza há aqui atrás, quanta força pode aparecer em um momento de paz... Nesta hora, bailando, escuto todas as suas vontades, que são minhas, mas parecem que vem de um outro lugar... Escuto um som profundo que me mostra seu, meu, próprio ritmo... Não preciso nem de música... A música toca lá, aqui , dentro... Não existe coreografia melhor que a montada sem contagem, fazer aquilo que dá vontade, seguindo esse ritmo interior... Acho que é aí que começa a ser montada uma bela coreografia... Um espetáculo dentro de mim, havia me esquecido... Foi bom lembrar e principalmente sentir outra vez ... A dança que revela o interior de "alguém"... Um dia dançava leve como uma pluma, outro dia dançava com uma força de leão... Vou seguir seu, meu, ritmo, escutar sua, minha, música... Ao som interior ser dom... Baila-me!!

Renata Giosa

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Força


Não deixe pra lá,
O que te faz chorar,

Não deixe ir,
O que te faz rir,

Não deixe de amar,

O que te encantar,

Não deixe morrer,
O que te faz crescer,
Não deixe apagar,

O que te ilumina o olhar,

Não deixe de estar,
Onde seu coração mandar,
Não deixe de fazer,
O que te faz renascer,
Não deixe pra trás,
O que te faz capaz,
Não deixe de viver,
Isso te faz ser!


A força interior deve estar presente, sempre... Por onde quer que nós tenhamos que caminhar... Tudo parece muito difícil quando não se entende a força, quando a usamos de "mentirinha"... Olhar para si mesmo tentando entender o que se é, depende de muita força... Sustentada por muita fé...
Renata Giosa

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Fim?!



Deixar ir... Tudo tem um começo e tudo tem que ter seu fim... Vou deixando esse fim , então, chegar... Sinto sua proporção... É para o bem, mas pode romper a voz de alguém... Tudo é esperado, como se eu já soubesse... O nó da garganta é fato, é sentimento, é o que é: real! Foi um processo lento, amargo, porém jaz doce... Com a certeza de que participei de seu todo, deixo rolar suas águas para seu alento... Já não sei mais o porquê de tanto medo, me apavorava a um tempo atrás, hoje vejo que o medo me faz fugir e ao mesmo tempo me faz correr em direção a seu próprio curso... Em direção à concretização do fato temido... Isso gera força de alguma forma. Força para enfrentar os medos sem fugir deles e seguir... Nada na minha história pode ser deixado de lado, deixar o fim chegar não significa esquecer, há sempre o que ficar... No seu devido lugar, sem dor... Há sempre muitos frutos, riquezas à guardar... Conversas à fio, doações sem fim... De parceria, de "deite sua cabeça em meu ombro e só se faça chorar"... Pessoas essas que com toda certeza irão ficar... Lembranças de "gente" que mal conheci pelas suas vidas afora deste lugar, mas que me permitiram vê-las no brilho sincero dos seus olhos e para as quais me permiti ser vista no mesmo terno olhar... O relacionamento entre pessoas não precisa de nomes ou títulos, podendo chamar do que quiser , ele só existe se ouver doação real, se houver ouvidos para ouvir e ser ouvido, ter olhos para ver e ser visto, ter palavras para dizer e serem ditas e muitas vezes calar, silenciando o que entre nós foi mais que entendido... Isso fica... O fim pode não ser só um fim, deve ser sempre um recomeço, um salto para uma realidade melhor, um movimento... Então, "pássaro", vamos voar?!

Renata Giosa

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Fazenda


Ventos bons quando sopram nos levam à realidade primórdio da face terrestre ... Primitivos seres sobre pastos... Pastos se perdem aos olhos humanos... Tempos de graça ou tempos de caça? À seu gosto... Caçados fomos, pela beleza da mãe terra... Houvera dias mais calorosos e intensos que os passados na"terra"? Vastos pastos se movem ao vento e em nós vão crescendo... Como se inspirássemos o ar que alimenta a alma dos que reconhecem sua existência... Parados em admiração louvamos o que a natureza mais nos ensina: movimento... Nada por lá está em estagnação... Tudo em constante transformação... Quando a noite cai o céu irá nos encantar... Estrelas a brilhar pela escuridão ... Estrela cintilante correndo pelo céu... Era cadente e parecia urgente à nos fazer suspirar com tamanha imensidão... Luzes do alto, cortina negra com pontos brilhantes nos fazem vibrantes... Fogueira lá em baixo ilumina o sereno que sopra do vento... Os lobos á uivar nos lembram a vida selvagem que existe por lá... E existe cá, valeu para lembrar... Dividimos maravilhas, desfrutamos da profundidade que só a natureza pode nos dar... Cavalo à montar, medo à sanar, paciência... Me ponho a chorar... E quem vai me salvar? Eu mesma com força e persistência... Paciência médica também ajuda... Ah ! Se eu pudesse falar... Iria gritar ! Valeu, valeu muito... Um reduto de paz, pode remexer o sombrio que jaz... Assim despertar a fera voraz!!! Ai, ai, ai, Guatambu, senti na pele a dor e o prazer de em suas sombras "deixar morrer"... Jamais esquecerei de ti... E quem irá entender ? Aquele que em si renascer!!!
Renata Giosa

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Feiticeira



Estar só... Parece algo triste, frustrante... Nem sempre é... Pode ser infalível... Se não posso reconhecer , ainda, o que dentro de mim é, não vejo como dividir com alguém... Como me doar de forma íntegra? Se para estarmos juntos e não só, é necessário compartilhar, como se compartilha o que não se reconhece? Hoje compartilho descobertas e dúvidas, já é algo que se reconhece? E aqueles que não se reconhecem em nada, também não compartilham? Infalível porque se entende que somente só, pode se reconhecer... E somente se reconhecer, pode se compartilhar... Vasculhar só, podendo compartilhar pode ser inspirador... Complexidade imperativa...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Mutante

Deprimente ser incompreensível e previsível que reza à sua própria sorte , como apegado ao desleixo e ao medo de sua própria existência. Insignificante ser compreensível e previsível que rouba seu próprio amor em prol à ignorância. Divino ser compreensível e imprevisível que sabe sua própria verdade e confia no guia interior dos seus próprios passos. Deixaimos descobrir o ser deprimente incompreensível para podermos sentir-nos ser insignificante compreensível e enfim sermos o divino ser imprevisível de acordo com sua própria verdade, dentro da sua mais estupenda realidade.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Justiceira


Seria para sempre justa... Cheia de honestidade... Sensível, sensata e pé no chão... Não se permitia sonhar, isso a fragilizava... Muito realista, prática e "forte"... Perfeitinha... Sempre certinha... De casa para o trabalho, do trabalho para casa... Cresceu segura de que sabia o que queria... Seria para sempre feliz... Formou-se... Escolheu sua profissão, pensando estar "salvando vidas"... Resolvendo os problemas da vida alheia... Dos necessitados, desprovidos de estudo... Assim pensava... Sua função no trabalho era lidar com a justiça... Defender os "coitadinhos" que pleiteiam "seus direitos" na justiça... Assim o faz... Sente-se realizada, ganhou a vida... Casou-se, construiu seu lar com amor e sensibilidade, assim prega... Cria seus filhos com "grande amor materno"... Lindo!!!! Problemas ? Não existem, não que a faça pensar... Sentia-se amada, querida... Tudo perfeito e no seu devido lugar... Controla tudo, nada foge à regra, assim como na sua profissão, segue leis... Pelas paredes de sua cozinha, lista de regras enumeradas para aniquilar os filhos... Tudo caminhando dentro da lei... Dentro da lei? Dentro? Dentro de onde? De paredes frias ? De muralhas ? Imaginam muros altos? Pensem na própria pele... Seria para sempre feliz... Não fosse ter se injustiçado tanto...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Segurança ?


Por que não deixar de ver por uns instantes e simplesmente sentir ? Muitas vezes não poderei ver o que está no fim... Acho que o melhor no sentido da palavra ver é enxergar as várias entradas dos túneis que se pode entrar... O final deles ou onde nos leva não podem ser vistos da entrada... Mas o sentir e intuir o melhor caminho a tomar, se sente todo instante, todo dia... Penso em um barco à deriva... É hora de saltar para um mergulho... Não sei o que lá no fundo vou encontrar, não é possível ver de cima do barco... Olho para baixo e vejo tudo escuro... Para saber o que tem, vou ter que ir até lá... Segurança de superfície... De superfície...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Vá se entender !

Sorrindo sai para mais um dia de trabalho. Toda arrumada e perfumada. Com alegria passa seu dia. Garantia de sustento e crescimento. Sente realização... Corre o dia todo, seu trabalho exige. As tensões brotam em seus músculos. Dores por toda coluna... No final do dia, sensação de dever cumprido, corre para casa, com muita pressa, tem que preparar a janta... Cheia de dores afoga-as nas panelas... Eis que as panelas respondem, "surge" uma queimadura: "Ai ! Que droga de vida !"

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cheiro no ar...


Mergulhada em mim mesma reparo sensações... Mudanças de pensamentos, sentimentos e ações... Sensação, sensação... Por que é que me calas? Por que é que me basta? Suspiros ao som de borboletas... Asas que rompem barreiras... Sensibilidade aos cheiros do saber em mim me despertam enfim... Eu que quis muito o saber a fim de comprometer, hoje sinto o saber a fim de reconhecer... Gritava alto, o pensar , hoje sinto em baixo da pele o enxergar... Sentir, sentir... Por que é que me quis? Fiquei por um triz... Assim tão feliz! Já não me basta o suspiro e o olhar que antecedem os cheiros no ar... Não preciso falar, vou ter que cheirar! As sensações estão à sussurrar, antes do ouvido escutar o que os cheiros podem informar... Um bandolim vai tocar? Fêmea, fêmea... Estás à farejar?

domingo, 20 de junho de 2010

Infalível


Estar só... Parece algo triste, frustrante... Nem sempre é... Pode ser infalível... Se não posso reconhecer , ainda, o que dentro de mim é, não vejo como dividir com alguém... Como me doar de forma íntegra? Se para estarmos juntos e não só, é necessário compartilhar, como se compartilha o que não se reconhece? Hoje compartilho descobertas e dúvidas, já é algo que se reconhece? E aqueles que não se reconhecem em nada, também não compartilham? Infalível porque se entende que somente só, pode se reconhecer... E somente se reconhecer, pode se compartilhar... Vasculhar só, podendo compartilhar pode ser inspirador... Complexidade imperativa...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Brisa do mar...

Um soprinho me diz,
Tinha que ver a luz se apagar,
Para minha fé renovar,
Quando tudo escureceu,
Me faltou o ar,
Fechei os olhos e escutei o soprinho,
Um soprinho de ar,
Era uma voz,
Uma voz à falar,
A voz à me resgatar,
Para enfim escutar,
Que quem muito calou,
Tem muito a falar,
Falar como soprinhos,
Soprinhos de ar,
Baixinhos, curtinhos,
Entram e saem de forma à voar,
No pulmão passeiam,
Me faz respirar,
Sinto muito pelo tempo,
Que o fiz esperar,
Sopro, soprinho,
Trouxe de volta meu ar!

Será? Porquê? De verdade?

Eis que ultimamente estou mais "perguntadeira" que uma criança de cinco anos... Acredito que aos cinco não tive muitas respostas... E claro, fui deixando de lado tudo o que poderia me doer entender... A maturidade trás os questionamentos, principalmente o querer deixar de ser superficial, lunática e alienada... Mais que isso é ver o quanto se perde sendo tão "vazia"... Não existe como ter algo dentro se não olha para lá... A princípio não vejo outra forma, além de aguçar meus sentidos para me perceber, me questionar... Tudo neste momento está sendo questionado... Se quero ficar em casa, por exemplo, me pergunto porque... Qualquer atitude minha, pensamentos, até o que as pessoas me dizem me pergunto porque... E a partir do momento que comecei , percebi que para várias perguntas não tive resposta plausível. Isso é intrigante, então eu me pergunto mais ainda, me ponho à pensar... Esses dias ouvi alguém dizer: " Ah, eu não quero entender nada, pra que ficar pensando, se eu me sinto pra baixo vou pro shopping ou saio pra dançar e beber que passa tudo..." Essa fala é do predador... Sei que chegarei em uma fase onde não precisarei ser tão bitolada, mas até lá , prefiro me bitolar em mim mesma do que no shopping... Aprendi também que posso compensar de outras formas, não só com compras, por isso me questiono mais ainda... Por exemplo, estudar , fazer cursos um atrás do outro, trabalhar demais, aparentemente pode parecer benéfico, melhor que shopping, mas pode demonstrar a intenção de fugir de si mesmo, portanto da realidade, da mesma forma que comprar e beber... Ontem estava lendo um livro e a autora escreveu em um trecho sobre mulheres que fazem faculdade, pós graduação, mestrado, doutorado e questiona a possibilidade dela estar só querendo mostrar aos pais seu valor... Não é para se questionar ? Não é uma compensação do ego ? Para se sentir mais valorizada por si mesmo e assim fugir, pensa que está estudando e trabalhando, mas no fundo está fazendo compras no shopping... Meu Deus ! Podemos estar fazendo "compras no shopping" em qualquer momento, em qualquer situação da vida, pensando que sabe e tem certeza do que quer... Por isso me questiono... Pensa que não me questiono sobre me questionar tanto? Claro que me questiono, mas logo em seguida me questiono de forma mais incisiva : Se eu não souber exatamente tudo sobre mim e tudo sobre minhas ações e reações quem o saberá??? A resposta é que não existe no mundo pessoa mais interessada em mim que eu mesma... Por enquanto fico assim, mais tarde será instintivo saber as respostas sem precisar pensar, somente sentindo, deixando a alma falar... E com tantas questões a serem respondidas não tem como falar demais, só observar... É necessário ficar de fora da superficialidade e muito dentro de si...

domingo, 13 de junho de 2010

Arapuca !


Um mundo de escolhas, opções a fio... São tantas ofertas... Um mundo à te enfeitiçar... Sedução? Vais negar? O carro do ano, a roupinha da moda, o sapato da nova coleção... Armadilhas à solta... Por que trabalhas? Que pretendes? Tens idéia do caminho que tomas? Estudou ? Formou-se? Em que? Para que? Sabes exatamente o que fazes? Que posição tens no mundo? Qual seu papel nele? Continua estudando? Por que? Que queres? Pagar as contas e poder viajar?! Comprar uma casa? Podes até comprar, mas não se compra um lar... Que pensas sobre "não poder comprar um lar" ? Casou-se ? Com quem ? Sabes descrever quem és ? O que esta pessoa significa em sua vida? Diante dela se sente como? Tens filhos ? És mãe ou pai? És mesmo ? Parir não te faz ser mãe... O que faz por você mesmo todos os dias ? Fazes algo por ti em algum momento ? Do que gostas? O que te faz feliz ? Que sentes ? Quando ? Como você acha que as pessoas te veem? Tem certeza ? Queres mostrar o que? Que és boa gente? És ? Acredita em injustiça? Tem piedade dos outros ? Tens medo do escuro ? E do que é sobrenatural ? Acreditas ? Assiste filme de terror? Dorme tranquilo depois? Choras assistindo filmes e novelas ? Que pensas se choras ? Que és sensível ? Estás confuso ? Sabes responder essas perguntas com total certeza ? Profundamente ? Estás em sua própria arapuca ??? Não precisa vestir roupa cara e o sapato da moda para cair nela , né??? Até os mendigos podem estar presos, não é???

sábado, 12 de junho de 2010

A luz assim no escuro...


Caminhando na escuridão , jamais pude imaginar, as respostas que só assim poderia encontrar...Nada pode ser assim tão contagiante e empolgante que todo entendimento que se pode ter... Não enxerga , nada vê ... O escuro é assim, e de assim em assim vou descobrindo como o assim é... O escuro pode ser assim tão claro e o que aparentemente é claro, pode ser assim tão escuro... Pensa que o claro pode assim esclarecer, mas nada pode esclarecer mais, assim como o escuro... Tudo pode estar assim bem perto , mas continuamos a procurar assim bem longe... Se me entrego assim ao escuro e assim no escuro posso ver, imagina assim no claro o que assim no escuro aparecer!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O quadro...



De longe a visão daquele olhar gerava um calafrio, um instante de travamento, todo o meu corpo paralisava. Passar em frente ou perto dele fazia meu organismo ainda criança gelar... Aquele olhar era escuro e penetrante como se me invadisse ... "Ela vai me pegar"- pensava. Então , eu corria, passos largos , apressados... Nada podia tirar minha atenção "nesta passagem", qualquer voz neste momento podia me desesperar... O terror era terrível... "Um quadro, somente um quadro, não tem o que temer"- dizia minha mãe. De nada adiantava... O medo "dela" era constante e crescia no período noturno. Uma criança e um quadro, uma mulher, seu manto e um bandolim ... Seu olhar... Que olhar! Me seguia para onde quer que eu fugisse. Olhar da espreita. Até hoje "ela" está lá, depois de vinte e cinco anos "ela" está intacta, pendurada na parede... Por esses dias passei por "ela" e diante do quadro parei, fiquei ali, por alguns minutos, fitando-a, como "ela" sempre fez... Fiquei imaginando que símbolo esse feminino estava a representar dentro de mim... Que mulher é essa que me causava tanto medo e repulsa? Pois para mim, ainda menina, "ela" estava viva ali, na parede, então estava viva aqui dentro ? E apesar do medo, eu não podia escapar daquele olhar, era como se nele existisse uma força que me atraía... Hoje penso que a escuridão que aquele olhar ganhara cada vez que eu o fitava, representava uma profundidade da qual eu desconhecia. O mais intrigante é que muitas vezes ao me olhar no espelho, vejo aquela mesma escuridão de profundidade no meu olhar... Como se eu mesma pudesse penetrar à minha própria imagem, penetrar com uma força de atração incrível o meu ser e minhas entranhas, hoje, sem medo nenhum... No meu corpo a sensação de que todo aquele terror havia passado, no meu coração uma emoção, na minha mente a intenção de entendimento e em minha alma ? Uma ranhura? Fui obrigada ainda criança a sentir medo, pois "ela" nunca foi tirada de lá...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Transferindo...


Uma idéia , um texto , uma mensagem... Dois punhos e seus dedos... Uma mente e um coração.... Algumas palavras e muitas sensações... As letras e emoções... O nó na garganta, a urgência da fala... As lágrimas nos olhos, os dedos alcançam... O sorriso nos lábios, ao coração encanta... O fogo que ascende , o corpo sente... A alma aquece... O coração nunca esquece... Memória na ponta do dedo, lembranças de um tempo... Tempo que não mente, histórias da mente... Assim estou, concentrada na sensação que estar aqui me remete... Ouvindo e sentindo o que em mim tem mais fascínio... Os dedos, os punhos, uma mente, uma semente e um coração... Aqui estou eu , mais uma vez... Por aqui vou ficar a pensar e a sonhar... A sentir e a sorrir.... A lutar e a buscar ... Com meus punhos e dedos, minha alma tracejar...

Desabrochando...


Louvado seja o amor verdadeiro e toda alquimia que o envolve... Tão complexo sabe-lo, tão belo, mais que divino... Somos dois transformados em um e continuamos a ser quatro... Louvado seja a escolha do caminho... Louvado seja a dor que em mim exprime toda minha solução... Louvado seja a renovação da consciência que me permite ser... Louvado seja os quartos escuros que com muito medo enfim entrei e os que ainda entrarei ... Louvado seja a pureza da alma... Louvado seja seu brilho... Louvado seja a infinita sabedoria, toda que tenho e toda que ainda terei... Louvado seja aqueles que me incomodam, pois eles me despertam... Louvado seja todas as pequenas coisas que me elevam a consciência dia a dia... Louvado seja a visão clara... Louvado seja a audição plena... Louvado seja o paladar salgado e adoçado... Louvado seja o olfato aguçado... Louvado seja o tato primoroso... Louvado seja os sentidos que dão cor, som, sabor, cheiro e sensibilidade a vida... Louvado seja a minha cozinha... Louvado seja meu ninho... Louvado seja o seio que nutre, a mão que abraça e o amor que doa... Louvado seja a natureza e todos os ensinamentos que ela me trás... Louvado seja o criador de tudo e de todos... Louvado seja a parte dele que me cabe, a parte dele que em mim está... Luz que há em mim e está a desabrochar !

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Navegando...



Iluminada natureza...


Do céu a grandeza...
Do mar a profundidade...


Da terra a vida...


Sempre do céu fica ao léu...


Sempre do mar fica à deriva...


Mas o que é do céu sem mar ?


E o que é do mar sem céu ?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Descobrindo...




Adentrou o quarto escuro que tanto temia... Diante de tantas jóias raras parou... Olhou para aquele todo de sensações e sorriu... As preciosidades expostas eram como néctar para os seus olhos... Brilhavam tocando profundamente seu interior... Os sons que haviam naquele quarto escuro soavam música que encantavam seus ouvidos... A doçura contagiante, daquele açucar melado do quarto, explodia gostos e aromas em sua boca... Preenchendo todo vazio que sempre sentira... Deveras emoções lhe trouxeram um vigor jamais sentido... "Fuçando" as jóias devolveu a si mesmo o encanto e o prazer da vida que vem adiante... Entendeu que todo o valor de si começa dentro... E que não há vida sem sensações e não há sensação sem vida...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Picadeiro do Ego !


Ei, compra tua pipoca, vai de doce ou salgada?
Ei, olha o que vem !
Ei, sorria, você está prestes a assistir um espetáculo!
As cortinas se abrem!

"Hoje tem alegria?"
"Tem sim senhor !"
"Hoje tem marmelada ?"
" Tem sim senhor!"

Ei, olha o que vem!
Você mesmo!
Ei, se surpreende ?
Nunca assistiu seu show ?
Ei, vai para arquibancada !
Assiste vai !

Ei, já se viu macaco ?
Ei, já se viu palhaço ?
Ei, já se viu trapezista ?
Ei, já se viu mulher barbada???
Liberou seu leão ?
Não ?

Então... Sempre tem alegria?
"Tem sim senhor!"
Sempre tem marmelada ?
" Tem sim senhor!"
Sempre tem fantasia ?
Tem sim senhor!






segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ouvinte

Ah ... Se eu pudesse te dizer... Se eu pudesse abrir seus olhos... Dizer-te o que errado está... Conto nos dedos o dia que não precisarei mais me preocupar... Nem sei se me preocupa tanto... Mas é tão triste ver você se enganar assim... É deveras triste... Não posso te dizer, você vai ter que ver... E doí tanto... Será que é de mim? Não... Dessa vez não é... Não me angustia... Não me confunde... Sei que não posso te dizer e não é só por saber... É por entender que você não entenderia... E que a sua verdade realidade só poderá ser vista dentro dos teus olhos, não dos meus... Não tomo partido, te vejo... Não sei a solução, te respeito... Não te falo, te ouço... E isso não é concondar... Estou diante de ti e sinto profundamente o teu engano... Sempre, em toda situação, há pelo menos duas partes... Culpar um único lado é se esquivar da realidade... Ver sem entender é olhar sem querer... Estarei aqui em tempo, na hora certa para ti, continuando a te ouvir... Sem saber se é assim mesmo que sentes... Enfim não posso te resolver... Você é o responsável pelo teu sofrimento, " o que é de dentro de ti és tu mesmo"...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ballet Batucada


Dançando navego um mundo crédulo de tons e notas agrupadas formando um todo... Único e belo dentro do meu ser... Fora toca o batuque que veio da veia de alguém, que se entregou aos labirintos fortúnios de sua alma... Dentro toca o batuque nos meus ouvidos que florescem batuques nos meus pés... Caminho para expressar todo o batuque da minha alma... Batuque proeza, batuque beleza... Batuque de samba, batuque "de bamba"... Batuque de adágio , batuque de sábio... Batuque tristeza, batuque limpeza... Dançando batucando rodopio meu corpo, em passos latentes enfeitando minha mente... Braços e pernas desbravam o ar coordenados ao passo da serenidade... Luz do eixo tronco que desequilibra equilibrando esse ballet batucada... Batuque verdade, batuque liberdade... Batuque alegria, "vixi Maria"!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ninho


Perdido na floresta solitária, fria e gelada desse seu momento, andou , andou, divagou, sonhou, chorou e chorou... Correu , correu de um lado para o outro procurando encontrar uma saída... Achou que se salvar era sair de lá... Se viu só, sem ter com quem dividir, sem alguém para distraír-se ... Focado nesta área sombria e somente nela, resolveu encará-la... Desistiu de pular esta etapa... Sabia que não conseguiria continuar mesmo se saísse... A floresta fria e sombria pedia para ser desbravada... Era preciso, o que lhe impedia de enxergar tal necessidade era a falta de consciência... Evoluiu... Enfrentando seus medos e fraquezas foi ganhando força e conhecimento... Foi em cada pedacinho desta floresta, andou , andou, desta vez olhando para tudo, mapeando em sua mente tudo o que era encontrado, descobrindo que todo o horror que via lá fora estava lá dentro... Provido de muita paciência e entendimento foi colocando tudo em seu devido lugar... Plantou suas flores... Regou seus amores... Frutificou suas árvores... Respirou novos ares... Atraiu os pássaros... Permitiu, então, que sua floresta fosse explorada por outros seres... Fosse descoberta... Dividiu a floresta que agora está repleta de tesouros... Cheia de cuidados, amor, carinho , conhecimento, sabedoria... Olhou para sua transformação, para sua morada, seu novo lar e amou-se ... Neste momento, foi olhado, foi ouvido, foi percebido, foi libertado, foi amado... Seus olhos, agora doces, encontraram os do ser amado e num flash de profundo e iluminado amor , avistaram seu galho preferido para construir, enfim, seu ninho...

domingo, 16 de maio de 2010

Fascinante...


É estar a espera de alguém que com certeza terá que buscar... Saborear o bolo do amor sabendo cada ingrediente que o faz... Desbravar o frio vazio confiante do todo calor que irá encontrar... Deparar-se com o medo sabendo dar o passo que o fará cessar... Sentir-se doer frente ao espelho com a paz de entender que está à se encontrar... Despertar para o torpor de sua existência convicto de que é só questão de paciência... Descobrir sua própria falha percebendo que é isso o que te engrandece... Enxergar que engoliu amargos regurgitando doces e afagos... Vivenciar o gosto da vida, de fato, insistentemente...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Todo Poderoso!


O grande e poderoso encéfalo é o maior responsável pela nossa vida... Controla, auxilia, automatiza... Muito complexo, muitas vezes não é compreendido, muito esquecido... Sempre que falamos em emoções pensamos em coração... Mas na integra todas as nossas emoções e sensações são emitidas pelo cérebro... Tudo no nosso organismo parte dele... Sabe quando dizemos: "Desencana é coisa da sua cabeça!", quer dizer que o que passa na sua cabeça não importa? É tudo o que tem que importar, porque o que sentimos, o que somos, está lá. Todos os orgãos do corpo são essenciais, claro, cada um tem sua função, sempre importante. Se o cérebro parasse, seu coração continuaria a bater, mas nenhuma função de sentido estaria funcionando... Seríamos acamados, auxiliados por aparelhos, como um respirador, pois sem cérebro não respiramos, não nos movemos, não sentimos, não vemos, não ouvimos... Neste caso, o coração continua sua luta pela sobrevivência, mas sem sentimento e por pouquíssimo tempo... Deixar de prestar atenção nas "coisas da sua cabeça" é deixar de viver ou viver sem sentido nenhum, é ter um coração batendo no peito friamente , sem emoção... Vale lembrar, que o coração participa da nutrição do nosso cérebro, assim como de todo o corpo, bombeando sangue... Porém, o cérebro através de seus sistemas, equilibra e coordena sua frequência, seu ritmo e seu trabalho de forma geral... Quando o coração acelera vendo a pessoa amada, quando bate forte ao receber uma boa notícia, quando o corpo todo estremece, quando o medo aparece, a angústia... Tudo isso e todo o mais, foi sua mente que te proporcionou... Sua mente é você inteirinho... Manter sua mente saudável, percebendo as "coisas da sua cabeça", pode transformar você... Não deixe de viver... Renasça!!!


Assim de repente...

zzzzzzzAssim de repente, fui alguém realmente... Contadora de histórias ganhei minha memória, vesti doce de leite me adocei para sempre... Contei jóias lá fora, colhi frutos que jamais vão embora...
Assim de repente, me encontrei semente, sorri ao compasso da terra fértil da qual me nutri, senti prazer na rima da poesia que tenho guardada num canto fundo, percebi que a vida vale nas raízes dos olhares... Entreguei meu mundo ao espaço profundo, vi telas de afago e flores ao lado... Germinei rosas em forma de prosa e perfumei meus gestos em forma de versos...
Assim de repente, fui via de acesso dos sentimentos mais belos... Juntei alegrias e tristezas que contidas se uniram e libertaram as palavras do meu ser para em ti renascer...
Assim de repente, na luta com dor, descobri o amor e faz muito calor... Enxerguei ser divina que bela oficina... Talentos descobertos são prosas e versos...
Assim de repente, me entreguei ao universo das palavras, que vão e que vem, passeando pela vista de alguém...
Assim de repente, espalhei minha semente, que pode brotar ali e aqui...
Assim de repente, me distribui...
Para assim de repente, me unir...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Patifaria

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Néctar


Relembrando os velhos tempos, uma parte da minha infância, cheguei bem perto da natureza, pude sentir como se fosse agora o cheiro da terra molhada... O pomar, bem cedinho, coberto pela neblina, o que nos fazia lembrar o quanto estávamos mais perto do céu, no sítio em Mairiporã... Para chegar lá subíamos serras, morros e morros... Tudo lá em cima era a própria vida... Aqui em baixo, antes de subirmos, era uma euforia preparar as malas, pegar o cachorro, o gato e o periquito literalmente, tinhamos os três. Isso quando não dividíamos o carro com pintinhos que meus pais criavam em casa para depois levá-los, já franguinhos, lá para cima. Colocávamos todos no carro, os bichos, a televisão, eu , meus dois irmãos, meu pai, minha mãe, minha avó e a Nete... Família "buscapé" pronta, partíamos de encontro a natureza... Aventurados, muitas vezes atolados, em tempo de chuva, nos morros do caminho... Diversão garantida... Ao chegar corríamos para o galinheiro e o chiqueiro, a espera de novos seres que sempre estavam nascendo por ali... Lord, o cachorro, Ralf, o gato, estavam em seu habitat natural, sumiam pelo mato juntos! Brincavam como se fossem da mesma espécie... Voltavam algum tempo depois, sujos e cheios de picão, nos empenhávamos na limpeza deles... Nesta época, colhíamos fruta fresquinha no pé, rolavámos na lama, escorregávamos no morrinho de grama, passávamos horas em cima de árvores contando estórias e histórias, o Lord deitado em baixo da árvore, esperava... A Nete, moça que trabalhava para minha mãe, brincava com a gente o dia inteiro, lembro quando ela nos levava chupar cana, não usava faca, tirava a cana do solo com seus próprios pés e a descascava com seus próprios dentes, era o máximo! Chupavámos manga sentados nos galhos das mangueiras, a sensação de pisar descalço nas folhas secas, que ficam espalhadas aos montes em baixo do manguezal , é extraordinária! O cheiro do verde é incrível, até hoje passeia pelas minhas narinas... Colhiamos fava, minha mãe a preparava, fresquinha, uma delícia! Adorávamos fazer "guerra" de laranja e mexerica podre, que sobravam no chão do pomar, esconde-esconde à noite, o Lord participava, que cachorro inteligente, corria atrás de um de nós para se esconder e ficava quietinho esperando a hora de correr para se " salvar". Corríamos na brincadeira e do Lord, pois ele era grandão, um doberman, quem ele escolhesse para seguir, tinha que se esconder e esconde-lo, então, não podia ser em qualquer espacinho!!! Plantávamos flores com minha mãe e avó, o mais legal era que cada vez que voltávamos, íamos conferir o tamanho da muda plantada, já chegamos ver mudinha virar árvore... Porquinhos virar porcos enormes e feijoada! Tive o prazer de assistir o nascimento de um potrinho... Filhote da égua Baliza... Alimentávamos as galinhas, os porcos, os cavalos, os patos... Fugiamos dos gansos! No frio, andávamos bem agasalhados, tocas e galochas... Assávamos batata doce na lareira... Parecíamos de outro mundo... Ou melhor, estávamos em outro mundo, mesmo!

Tudo lá em cima era néctar dos deuses... O melhor que se pode viver... A simplicidade da vida no campo... Ficávamos mais próximos, fazíamos coisas juntos... Saboreávamos o gosto da vida e o cheiro que só ela tem: a natureza! Éramos acolhidos pela mãe mais amorosa. Colhemos seus frutos mais sagrados... Dividimos um espaço no mundo com ela, a natureza. Essas lembranças cresceram aqui dentro hoje, me trouxeram a marca da busca... Busca de um tempo mágico dentro do que se tem no mundo de mais real... O sentir que fazemos parte da natureza divina!!! Guardo aqui dentro um tempo maravilhoso, que devo não esquecer, tempo que me faz perceber que a vida é feita de coisas simples, porém magníficas!